A União Europeia pede que os frigoríficos envolvidos na Operação Carne Fraca deixem de exportar. Chile também para de importar carnes brasileira
A Polícia Federal
deflagrou nesta ultima sexta-feira 17 a Operação Carne Fraca, a maior de sua
história, que envolveu 1,1 mil policiais federais para cumprir 309 mandados
judiciais em sete estados.
O
objetivo da operação, autorizada pela 14ª Vara Federal de Curitiba,
é desarticular uma organização criminosa liderada por fiscais
agropecuários federais e empresários do agronegócio. Mediante o pagamento de
propina, os fiscais facilitavam a produção de alimentos adulterados e
emitiam certificados sanitários sem realizar a fiscalização de fato.
Entre
os alvos da operação estão executivos das gigantes JBS (de
marcas como Friboi, Swift e Seara) e BRF (marcas como
Sadia e Perdigão). Outro alvo é o frigorífico Peccin Agroindustrial Ltda.,
baseado em Curitiba e dono da marca Italli Alimentos. O grupo
é responsável por algumas das fraudes mais graves detectadas pelos
investigadores.
Uma
das provas coletadas pela Polícia Federal contra a Peccin é um diálogo entre
Idair Antonio Piccin, dono do frigorífico Peccin, e Nair Klein Piccin, sua
mulher e sócia. Na conversa, gravada pela PF em março de 2016, o casal discute
a utilização de carne de cabeça de porco na fabricação de linguiças, o que é
proibido por lei.
Segundo
a PF, o grupo Peccin "pagava propina aos fiscais agropecuários" para
ignorarem as "absurdas práticas sanitárias irregulares da empresa e
facilitarem a obtenção dos documentos necessários ao seu regular
funcionamento".
Confira
o diálogo:
Confira o diálogo:
IDAIR: Você ligou?
NAIR: Eu? Sim eu liguei. Sabe
aquele de cima lá, de Xanxerê?
IDAIR: É.
NAIR: Ele quer te mandar 2 mil quilos de carne de cabeça. Conhece
carne de cabeça?
IDAIR: É de cabeça de porco, sei o que que é. E daí?
NAIR: Ele vendia a 5, mas daí ele deixa a 4,80 para você conhecer,
para fechar carga.
IDAIR: Tá bom, mas vamos usar no
quê?
NAIR: Não sei.
IDAIR: Aí que vem a pergunta, né?
Vamo usar na calabresa, mas aí, é massa fina, é? A calabresa já está saturada
de massa fina, é pura massa fina.
NAIR: Tá.
IDAIR: Vamos botar no quê?
NAIR: Não vamos pegar, então?
IDAIR: Ah, manda vir 2 mil quilos e botamos na linguiça ali,
frescal, moída fina.
NAIR: Na linguiça?
IDAIR: Mas é proibido usar carne de cabeça na linguiça...
NAIR: Tá, seria só 2 mil quilos para fechar a carga. Depois da
outra vez dá para pegar um pouco de toucinho, mas, por enquanto, ainda tem
toucinho (ininteligível).
IDAIR: O toucinho, primeira
coisa, tem de ver que tipo de toucinho que ele tem.
NAIR: Sim.
IDAIR: É, manda ele botar, vai
descarregar aonde?
NAIR: Cem quilos de toucinho
para ver que tipo de toucinho é o dele.
IDAIR - Vai descarregar aonde
isso?
NAIR: Em Jaraguá.
IDAIR: Manda botar. (...)
NAIR: E dessa vez pego os 2 mil quilos de cabeça então?
IDAIR: É, pega. Nós vamos fazer o quê? Só que na verdade usar no
quê? Vai ter de enfiar um pouco em linguiça ali.
NAIR: Em Jaraguá tem mil quilos
de sangria, essa serve para quê?
IDAIR: Para calabresa.
NAIR: Só para calabresa? Tá, tá
bom, tá.
IDAIR: Tchau