Mais de 500 milhões de pessoas, a metade da população do
continente americano, ainda correm o risco de contrair dengue, chikungunya ou
zika, vírus transmitidos pelo mosquito Aedes aegypti, afirmou a Organização
Pan-americana da Saúde (Opas) nesta quinta-feira (20) em Havana.
São "mais de 500 milhões de pessoas que residem em
zonas de risco neste continente", disse o diretor do Programa de
Emergências em Saúde da Opas, Sylvain Aldigheiri, que deu uma conferência sobre
a situação atual das doenças arbovirais (dengue, chikungunya, febre amarela e
zika) nas Américas.
O especialista destacou que o vírus da zika, detectado
na região em maio de 2015 e declarado em fevereiro passado pela Organização
Mundial da Saúde (OMS) uma "emergência sanitária global", se propagou
para "47 países e territórios".
Segundo a Opa, até o fim de agosto passado foram
reportados cerca de 600.000 casos de zika, 116.000 deles confirmados.
O zika é transmitido principalmente pela picada de
mosquitos do gênero Aedes (aegypti e albopictus), embora o contágio também
possa ocorrer por contato sexual, e está associado a malformações congênitas em
fetos, como a microcefalia, e a transtornos neurológicos, como a síndrome de
Guillain-Barré.
A chikungunya, que foi detectada na região em dezembro
de 2013, se propagou "em dois anos para todos os territórios que haviam
reportado dengue", explicou Aldigheiri, após ressaltar que também foram
registrados "mais de 1.300 casos confirmados de febre amarela em zonas
selváticas" do continente.
Entre 2000 e 2014, foram reportados 14,2 milhões de
casos de dengue na região, a arbovirose de maior prevalência na região, com
7.000 mortes, segundo a Opas.
Aldigheiri se pronunciou na sessão de abertura de uma
reunião convocada pela Opas e pelo Ministério da Saúde de Cuba para reunir
forças no combate contra este tipo de doenças.
A reunião permitirá "definir roteiros que iniciem a
implementação da estratégia regional para a prevenção e o controle das
arboviroses", disse a diretora da Opas, Carissa Etienne.
"A situação epidemiológica" da região é
"extremamente complexa", devido aos altos níveis de infestação do
mosquito transmissor, e constitui "um desafio que devemos abordar de forma
integrada", insistiu Etienne.
Especialistas discutirão durante dois dias a estratégia
aprovada em setembro passado pelo conselho diretivo da Opas, que abrange a
prevenção e o controle do vírus, o fortalecimento dos serviços de saúde para
seu diagnóstico e conduta clínica, assim como a vigilância e controle dos
vetores.