O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, afirmou nesta segunda-feira (10) após reunir-se com a presidente Dilma Rousseff, no Palácio do Planalto, que o estado precisará de R$ 3,5 bilhões para a construção de oito "grandes" obras que servirão a partir de 2015 para o enfrentamento da crise do abastecimento de água na região.
Sem chuvas neste domingo (9), o nível dos reservatórios do Sistema Cantareira, responsável pelo abastecimento na Grande São Paulo, registrou nova queda nesta segunda, de acordo com a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), e passou de 11,4%, para 11,3%.
O que nós propusemos ao governo federal foram novas obras, oito obras, e o valor dessas obras será de R$ 3,5 bilhões, o orçamento total das obras. […] O governo de São Paulo precisará do máximo que [o governo federal] puder. Pode ser recurso a fundo perdido, do Orçamento Geral da União, ou pode ser financiamento, e nós temos uma boa capacidade de financiamento,” disse o governador.
De acordo com Alckmin, um grupo de trabalho foi criado para que a União e o governo estadual possam se reunir para discutir como se daria o repasse dos recursos federais a São Paulo, para quais obras e os valores. O colegiado, segundo afirmou, se reunirá na próxima segunda-feira (17) pra discutir o assunto.
'Repasse depende de estudos'
A ministra do Planejamento, Miriam Belchior, não confirmou se o governo federal irá repassar toda a verba pleiteada por São Paulo. Segundo ela, o valor dependerá dos estudos a serem apresentados na semana que vem sobre cada uma das obras.
“Não se discutiu o montante de recursos nessa reunião. Muito comum a presidente dizer que depende da importância das obras a serem realizadas. Se, nessa conversa direta, estiverem claras as importâncias dessas obras, poderemos até apoiar tudo, mas isso vai depender dessa discussão”, disse Miriam.
Ela explicou que ainda não se discutiu a origem do dinheiro que seria repassado. “Uma parte [da obra apresentada] sequer projeto tem, então o desembolso não é de curtíssimo prazo”, justificou. De acordo com a ministra, a presidente Dilma “viu com bons olhos o conjunto das obras”. No entanto, afirmou, será preciso “uma conversa mais aprofundada para que ela bata o martelo no que o governo federal ajudará São Paulo”.
Geraldo Alckmin apresentou as oito obras que são necessárias para a região: interligação dos reservatórios Atibainha e Jaguari; construção de dois reservatórios em Campinas; adução dos reservatórios; Estação de Produção de Água de Reuso (EPAR) Sul de São Paulo; EPAR Barueri; interligação do Jaguari com o Atibaia; interligação do Rio Grande com o Guarapiranga; e poços artesianos no Aquífero Guarani.
A jornalistas, Alckmin afirmou no Palácio do Planalto ter apresentado à presidente, além das oito obras necessárias para o estado, os sete sistemas de abastecimento de água existentes na região. Segundo o governador, duas obras devem ser entregues em 2015 e as demais, em até três anos.
O governador voltou a afirmar que não há racionamento de água na região e que o abastecimento está garantido para o ano que vem.
“Não há esse risco [de racionamento]. Nós já temos repetido isso desde o início do ano, nós temos em São Paulo um sistema extremamente forte e nós nem entramos na segunda reserva técnica do Cantareira”, afirmou.
Período eleitoral
Questionado sobre se houve “mudança de posição” do governo estadual ao procurar a União após o período eleitoral para discutir a crise do abastecimento de água em São Paulo, Alckmin afirmou que não, e disse que ao longo dos últimos quatro anos foram feitas “inúmeras parcerias”.
“É nosso dever, numa república federativa, como é o Brasil, trabalharmos juntos e sermos parceiros. O dinheiro é do contribuinte. Nós estamos discutindo desde o ano passado. A realidade é que nós já temos, através da Sabesp e da Caixa Econômica Federal, inúmeros financiamentos. A Sabesp tem uma capacidade de investimento grande, a parceria não é novidade”, ressaltou.
ara enfrentar crise da água