21 de julho de 2020 — Nas Américas, três em cada 10 pessoas - ou quase 325 milhões de pessoas - correm um maior risco de ficar gravemente doentes com a COVID-19 devido a suas condições de saúde pré-existentes, revelou nesta terça-feira (21) a diretora da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), Carissa F. Etienne.
Certas doenças crônicas pré-existentes - como diabetes, doença renal e hipertensão -, doenças infecciosas como tuberculose e imunossupressão colocam as pessoas em maior risco de desenvolver a forma grave da COVID-19. "Infelizmente, muitas dessas condições médicas são comuns nas Américas, tornando nossa região mais vulnerável", afirmou Etienne em coletiva de imprensa.
Para ajudar a resolver a situação, a OPAS desenvolveu em parceria com a Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres um novo modelo de dados que fornece uma imagem mais precisa da prevalência das condições de saúde nas Américas.
Uma situação preocupante
"O que vemos é preocupante", disse a diretora da OPAS. "Estamos falando de 186 milhões de pessoas na América Latina e no Caribe". Segundo Etienne, e nos Estados Unidos, Canadá e México, uma em cada três pessoas está em maior risco de desenvolver COVID-19 grave.
Nas Américas, existem 43 milhões de pessoas em alto risco, o que poderá exigir hospitalização devido às suas condições de saúde pré-existentes. E dentro desse grupo, os homens têm duas vezes mais chances do que as mulheres de ter alto risco de desenvolver COVID-19 grave", pontuou a diretora da OPAS.
Pessoas com mais de 65 anos têm um risco aumentado para doenças mais graves, pois a probabilidade de desenvolver várias condições de saúde aumenta com a idade. "Mas os adultos em idade ativa (pessoas de 15 a 64 anos) não são imunes, pois muitos deles vivem com uma ou mais condições de saúde pré-existentes. Diabetes e doença renal crônica, em particular, são especialmente frequentes entre as populações adultas ", alertou Etienne.
Estratégias para proteger pessoas com comorbidades
A nova ferramenta desenvolvida junto à Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres ajudará os países com dados específicos, segundo Etienne, "para adaptar suas respostas à COVID-19 e proteger melhor as populações vulneráveis de doenças crônicas que ameaçam a saúde".
Estratégias para proteger as pessoas com condições subjacentes, variando do isolamento voluntário com assistência ao fornecimento de recursos e sistemas de apoio adequados, podem ajudar os países a reduzir as mortes entre grupos vulneráveis, achatar a curva e preservar capacidade dos serviços de saúde.
"Com o aumento de pacientes com COVID-19, muitos sistemas de saúde carecem de pessoal, espaço e suprimentos para fornecer cuidados de rotina de forma adequada. Essas mudanças atrasaram o tratamento para pacientes com câncer e diálise para aqueles com doença renal crônica. As pessoas com diabetes estão ficando sem insulina e os pacientes com HIV precisam se preocupar em continuar seu tratamento" – Carissa F. Etienne, diretora da OPAS
A nova ferramenta permitirá aos países adaptar suas respostas para proteger grupos de risco vulneráveis e implementar programas inovadores para ajudar as pessoas a gerenciar suas condições com segurança e consistência. Isso inclui o aumento das capacidades de telemedicina e o estabelecimento de novos pontos de apoio para
atendimento, permitindo que pessoas com doenças crônicas sejam atendidas por profissionais de saúde longe de pacientes com suspeita de COVID-19.
De acordo com a diretora da OPAS, os países devem garantir que os grupos vulneráveis sejam aconselhados a estar em contato com seus prestadores de cuidados de saúde para garantir que tenham os medicamentos e suprimentos necessários e gerenciem com segurança suas condições.
"Este também é o momento de confiar em seus amigos e familiares para minimizar saídas de casa. E, tanto quanto possível, as pessoas devem manter uma rotina saudável em casa, que inclui exercícios regulares e alimentos nutritivos", acrescentou Etienne.
A pandemia não está desacelerando
Em 20 de julho, havia 7,7 milhões de casos notificados e mais de 311 mil mortes por COVID-19 nas Américas. Somente na última semana, registraram-se quase 900 mil novos casos e cerca de 22 mil mortes, a maioria no Brasil, México e Estados Unidos.
Na bacia amazônica, a COVID-19 continua se espalhando com aumentos significativos em “zonas quentes’’ localizadas na Bolívia, Equador, Colômbia e Peru, enquanto países da América Central relatam seus maiores aumentos semanais nos casos de COVID-19 desde o início da pandemia.