Estudo traz reflexão sobre o mercado de câmbio brasileiro no primeiro bimestre de 2014
Na sexta-feira, dia 14 de março, a Fundap lança a 27ª edição de seu Boletim de Economia, dessa vez com o tema “O mercado de câmbio brasileiro no primeiro bimestre de 2014”.
Composto de duas seções, “Conjuntura Econômica em Foco” e “Anexo Estatístico”, o estudo analisa a situação do mercado de câmbio dos chamados cinco frágeis – África do Sul, Argentina, Brasil, Índia, Indonésia e Turquia – diante do tapering (redução gradual do programa de compra de títulos de longo prazo pelo Federal Reserve, o Banco Central americano), e reflete sobre a influência da alta de juros básica brasileira nesse panorama.
A íntegra do Boletim de Economia está disponível no site http://novo.fundap.sp.gov.br. O boletim inicia a reflexão abordando os efeitos do tapering e dos novos indicadores desfavoráveis da economia chinesa sobre os mercados cambiais de algumas economias emergentes. "Além da Argentina, em crise cambial aberta, também foram especialmente atingidos a Turquia, a África do Sul, a Índia, a Indonésia e o Brasil" afirma o estudo.
Esse grupo foi denominado pela imprensa especializada de "os cinco frágeis", devido aos elevados déficits em transações correntes, altas taxas de inflação e desaceleração do crescimento. Segundo a publicação, como reação, o governo brasileiro vem aumentando a taxa de juros básica, tornando-a mais elevada dentre as principais economias emergentes.
"Esse diferencial de juros excepcional estimulou o ingresso de investimentos de portfólio em títulos públicos e contribuiu, decisivamente, para a menor depreciação do real, em janeiro (2,2%), em relação tanto ao observado nas várias economias emergentes no mesmo período, quanto à depreciação registrada pela moeda brasileira entre 22/5/2013 e 30/8/2013 (14%)" destaca o estudo.
O estudo cita ainda outros fatores que justificam o melhor desempenho da moeda brasileira em relação ao das demais moedas emergentes em 2014, assim como ao seu próprio desempenho no trimestre julho-agosto de 2013. Uma das razões é a meta fiscal brasileira de 2014, considerada crível e realista pelo mercado, o que gerou baixa nas apostas em prol da depreciação da moeda brasileira. Outro motivo refere-se às "tensões políticas havidas em outros países (Argentina, Venezuela e Ucrânia), que os tornaram alvos privilegiados dos ataques especulativos de investidores externos".
A previsão do boletim para os próximos meses é de que, mantido o ritmo do tapering e não surgindo nenhuma surpresa negativa em relação à economia chinesa e ao desempenho macroeconômico brasileiro, "nosso excepcional diferencial de juros deve seguir atuando no sentido de evitar depreciações adicionais da moeda brasileira".