Além de administrar a cidade de Apiaí, a 322 km de São Paulo, o prefeito Emilson Couras da Silva (DEM) é médico lotado em unidades públicas de outras três cidades distantes entre si. Em hospitais e postos de saúde, ele soma uma jornada semanal de 54 horas, sem contar que dá expediente diário na prefeitura de Apiaí.
A quádrupla jornada do prefeito-médico chamou a atenção dos agentes públicos que, por determinação do governador Geraldo Alckmin (PSDB), fazem um pente-fino nos esquemas de plantões dos hospitais estaduais. Questionado, Silva não conseguiu explicar como faz para dar conta de tantos encargos.
"Realmente não dá para conciliar tudo, por isso estou me afastando dessas funções (de médico)." Ele afirma que já havia aberto mão do salário de prefeito para ficar com a remuneração referente aos expedientes dados nas outras cidades. Disse ainda que jamais recebeu sem trabalhar.
De acordo com o Banco de Dados do Sistema Único de Saúde (SUS), do Ministério de Saúde, o prefeito-médico cumpre jornada de 36 horas semanais como clínico-geral no Pronto Socorro Quietude, em Praia Grande, litoral Paulista; de 8 horas por semana na Santa Casa de Eldorado; e de 10 horas semanais no Centro de Saúde 3 de Iporanga. O prefeito ainda preside o Consórcio Intermunicipal de Saúde do Vale do Ribeira (Consaúde), que coordena os serviços de saúde nos municípios da região.
Investigação
O número envolvidos no suposto esquema de fraudes de plantões médicos e de licitação para a compra de equipamentos cirúrgicos pode chegar a 50. Apenas no Hospital de Sorocaba, os prejuízos somariam R$ 2 milhões. Na semana passada, promotores e policiais informaram ter encontrado, em um armário da Diretoria Regional de Saúde Sorocaba, folhas de ponto assinadas pelo ex-secretário estadual Jorge Pagura. Ele afirma que apenas prestava consultoria para o hospital. As informações são do jornal O Estado de São Paulo